segunda-feira, 2 de novembro de 2009

MORRA OU ADOEÇA COM DIGNIDADE EM CASA

Tenho comigo uma prerrogativa -ilusória e irreal neste nosso planeta- que é "tratar a todos como gostaria de ser tratada". Diram alguns que "devemos fazer o bem sem olhar a quem", pois esses me interpretam como se sou assim e assado, interessada no retorno das minhas ações. Nem tanto assim, tá? Até estou bem longe de milhões que, ficam a tentar conseguir uns m2 no céu, paraíso ou shangrilá... fazendo boas ações por aqui.
Não está escrito: Qual o pai vendo a seu filho pedir-lhe um pedaço de pão, dar-lhe uma serpente? Cresci ouvindo isso, o que sempre me fez pensar que podia pedir qualquer coisa, que o papi ia me dar...kkk kkk também ninguém podia esperar que uma criança captasse a real mensagem destas palavras, não é verdade?
Vou morrer assim não tem jeito!! Podem me chamar de trouxa, otária, babaca, abestada, burra...STOPPP!! Burra não!! Esqueceu o seu asco pessoal a essa definição?
Então tá! Continuaaandooo...

Fiz um passeiozinho por um PS da vida neste fim de semana. Infelizmente, já não tenho mais nenhum convênio de saúde. O que sobrou ter que encarar o nosso SUS querido!! É certo que não podemos esperar nada perfeito em alguém ou algo. Até já foi beeeem pior, é verdade! Sem falar que existem lugares no mundo, mais terríveis que nosso "pior" aqui.
Também sei que existe tratamento diferente dependendo da pessoa, da área geográfica ou metódo de pagamento -óbvio, que isso é em tudo na vida...mas não deveria ser assim- e em se tratando de saúde, encontramos mercenários à puxar com rodo!!
Adentro a sala do profissional em questão. Minha cadeira fica à seguros 1m ou 1,20m da mesa, onde ao outro lado está um senhor com belos olhos azuis e uma máscara no restante da face. Ok!! Tempos de Influenza A, isso é normalíssimo!! O doutor (hãã!?) que mal ouviu-me, depois de algumas indagações se sou alérgica a algum medicamento me tasca um big antibiótico -conheço o tal- e mais um expectorante.  Mas, ele nem me ascultou!!!!!! Depois de algumas palavras minhas, ele resolve fazê-lo e bem aborrecido já que sou indagadora demais, resultando em ocupar seu tempo dourado. Ergue-se, mas não muda de lugar e eu que me aproximasse. Já bem baqueada, procuro levar a cadeira o mais próximo da mesa. Impossible!! Foi o jeito escorrar-me de costas para ele na mesa, pois a bendita cadeira era fixada ao chão. Até agora me pergunto se é: para que ninguém lasque na cabeça de profissionais como ele ou para não ser carregada dali? Sendo a 1º opção mais plausível, desde que o enfermo pudesse fazê-lo.
Papelada na mão seguimos -eu e mamy- a sala de radiografia. Mamy logo me avisa para tomar cuidado com um lugar lá dentro, que está sujo de elementos estomacais de algum coitado, e éééé junto ao raio-x. WHAT?? E ninguém limpou ainda?? Lá vou capenga para o exame. Lá dentro super-gelado, e cheiroso... que benza Deus!! O banheiro idem, mas limpo e organizado. Como é que um ser humano enfermo, fica encostado naquela máquina sem ninguém segurando, sujeito a um desmaio e ainda fica ao lado daquela poça de v... ?? Depois me perguntam se "estou me sentindo bem??" Respondo que estou a ponto de dar minha contribuição aquele poça anterior ali. CADÊÊÊ A ACOMPANHANTE DELA???
Juntando o tempo que esperava o raio-x, mais a informação da mamy, mais espera, depois exame, de novo espera pelo resultado...não chegou seu ninguém para limpar aquilo lá. E outros mais fizeram seus exames sujeitos aquele espetáculo lá dentro.
Retornando ao "seu doutor"...
-Aqui não tem  nada.
Quase pergunto: Pulmões e coração foram extraídos quando?
Falo outra coisa qualquer, ouço mais outras e saio beirando um derrame cerebral.
Soro+anti-inflamatório+anti-febril!?
-Nem pensar, mamy!!! Quero ir pra miiinha casa, nem sei o que vim fazer aqui. Ao menos sei que não estou tuberculosa ou com pneumonia. Esses remédios tomo em casa.
-E o soro, filha??
-Eu dispenso.- encerrei o papo, que o oxigênio já estava em falta.
Dentro do nosso veículo motorizado, retornamos comigo em meio ao que dava para falar e possessa de revolta. Se eu estivesse pagando X e no consultório do tal doutor lá no bairro Y, o modos operante dele seria Z, oras!! E estiquei toda a horda de perguntas e tratamentos vip, a que ele me presentearia.
Então voltamos ao começo de todo este post. Não devemos fazer o bem sem olhar a quem? Ele gostaria de ser tratado assim por algum "seu doutor"? Ou algum parente dele o fosse?
Não adianta vir com esses atenuantes de falência do sistema público de saúde, que os profissionais dessa área também vivem um stress por causa disso, que atendimento de PS é assim, o ambulatorial é diferente - nem sempre, tá?- o dia dele deveria estar difícil e etc, etc, etc...

E mais... humanidade tem preço? Se tem, onde fazemos um seguro para quando precisarmos? Se não tem preço e deveria ser de graça, alguns nem deveriam ser denominados humanos visto não preencherem os requisitos para tal classificação.

Agora lançando a campanha:

 MORRA OU ADOEÇA COM DIGNIDADE EM CASA

-tens limpeza, banheiro e comida decente.
-tens a opção de cama ou rede.
-carregas tua cadeira para onde quiseres.
-tens todos os lençóis que precisar.
-escolhes teu programa de TV.
-não encontras profissionais incompetentes e mercenários.
(by Angel)