terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Aconteceu lá em casa - V


Do tempo que Merthiolate ardia

Naquelas maravilhosas viagens de fim de ano com a família, fomos passar uns dias na casa de parentes da mammy. Fomos só nós as meninas. Mammy, eu e minha irmã de 2 anos. Papi e o mano ficaram na capital. A casa era de um tio paterno da mammy, gente muito boa e hospitaleira. Lá sempre foi cheio de gente entrando e saindo. Logo esse meu tio-avô tinha uma "penca" de filhos, todos adultos ou adolescentes.
Me lembro da cidadezinha dividida pela linha do trem. Para irmos ao pequeno centro da cidade, tínhamos que atravessá-la. Eu, com meus 6 anos e meio ficava em pânico. Onde eu morava nunca precisava passar a pé pelos trilhos de qualquer trem. Graças a Deus sempre tinha uma plataforma segura, para passar bem por cima mesmo e até ficar olhando o trem correndo por baixo. Mas ali era no "olha a direita e a esquerda e depois atravesse". Tá bom, então!! Depois de uns dias eu fiquei menos apavorada, só não deixei de segurar bem forte o braço de uma prima da mammy. Seguro morreu de velho, né?
Em uma dessas idas ao centro, tomar sorvete, tirar fotos e brincar na pracinha, na volta ocorreu o pior. Calma, não fomos pegas por nenhum trem!! No caminho de volta, existia um leve declive assim que atravessávamos a bendita linha do trem. Oras, no nordeste o clima é semi-árido, imagine o solo? Arenoso(quando não, pedregoso) e seco. Minha experiência com ele ficou na lembrança pra seeeempre. Levei um escorregão básico que ralou do meu dedo mindinho ao quadril. Uiiiii...
Tudo esfolado e derramando sangue a pingar no chão. Sem falar dos meu berros e lágrimas de dor. Carregaram-me correndo pra casa do tio, lá chegando aquele mulherio todo lava daqui, limpa dali e chegam com o amaldiçoado do Merthiolate. O queeee!? NÃO, NÃO, NÃO DEIXO PASSAR, NÃO!! Oras, só com água já doía pra c...!! Imagine aquele troço que a indústria farmacêutica achou por bem, lucrar com a história falsa que quanta mais ardia mais "tava" desinfectando. Deviam ter passado no rabo do químico que invento aquele maldito!! E dos que comercializavam tam-bém!!
Gente, esperaram eu parar de gritar meus "não", só que nem deu tempo de respirar aliviada. Quando percebo lá se vem umas quatro "santificadas"-GRRRR- primas me segurando, enquanto minha adorável(??) mammy começa a usar aquela palhetinha do Merthiolate. Putzzzzz!! Aquilo foi uma eternidade de dor. Por que não derramou logo o vidro todo!? Imagina a extensa da minha perninha toda na carne viva?? Gritei e estribuchei tanto, mas tanto...que quando me soltaram nem tinha mais voz ou forças. Dormi o resto do dia de puro esgotamento físico e emocional.
Depois veio todo mundo bonzinho, cuidadoso...grrr
Sem falar que no outro dia teve mais uma sessão tortura. Ahhh, mas agora com direito a uma propina! Sim, uns docinhos, uns brinquedos e poder pintar as unhas com o esmaltes da mammy. Ah, lembrei!! Também podia brincar com as perucas da mammy que ela desfilava pela cidade. Era moda naquele tempo, sabe?

Devia era ter jogado uma no cacimbão do tio. Mas, mammy era bem capaz de me fazer buscá-la!!
kkkkkkk kkkkkkk

te amo, mammy!!