sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Como aprendi crochet

Na minha infância vi minha mãe "crochetando" muito. Fazia xales e toucas belíssimos. Tinha muitas encomendas e seu tempo livre era usado na produção desses itens, super em voga naquela época. Eu tinha 9 anos e morávamos então no Parque São Domingos, em São Paulo. Naquele tempo o clima era outro, pois havia mais dias frios e a garoa era uma constante. Vivíamos empacotados -agasalhados- e dentro de casa; assim, eu estava sempre próxima de mamãe vendo-a produzindo suas encomendas rapidamente. Pedi-lhe para fazer roupinhas para a minha Susi e de tanto pedir, consegui uma linda saia... kkkk... Depois, quis aprender crochê -já que não consegui outras peças para minha boneca, decide fazê-las eu mesma- mas, paciência nunca foi uma qualidade em minha mãe e muito pior ensinando uma atividade manual!  kkkkk
De tanto que "perturbei", mamãe pediu a uma amiga que me ensinasse, ela aceitou prontamente. No dia seguinte -que alegria a minha!- peguei um bocadinho de lã, uma agulha de crochê e parti para minha 1ª aula. O primeiro passo, é aprender a fazer correntinha; é o ponto base do crochet. Bom, após dois metros de correntinhas... minha professora, queria mais outros dois metros... e mais outros e outros, e não saía disso. Desisti das aulas! Voltei para casa chateada e minha mãe avisou logo que NÃO me ensinaria. Fiquei tão tristinha! Crochetando -pensando que estava, né?!- por  muito tempo o meu bocadinho de lã, dando voltas e mais voltas que só resultavam em nós sem saída. Mamãe em um ápice de piedade, ensinou-me o ponto alto e pronto... Algum tempo depois, me ocupei com tecido fazendo roupinhas para minhas bonecas. Mamãe suspirou aliviada!
Aos doze anos, criei uma bolsinha meio louca, olhando os pontos de uma amostra de crochê. Nada bonita, mas era uma bolsinha! Depois achei uma revista, onde ensinava com desenhos os pontos básicos de crochê. Aprendi todos! Mas não produzi nada, a não ser várias amostrinhas de pontos. 
Em minha primeira gravidez, mamãe esqueceu na minha casa a bolsa de crochê que fazia para o seu primeiro neto. Quando retornou dias depois, eu já concluíra a bolsa! Apenas lendo a receita na revista onde havia o modelo da mesma. Mamãe admirada perguntou-me onde havia aprendido a fazer crochê. Contei minha "saga" e ela me disse: - Eu nunca consegui entender as receitas ou gabaritos de crochê! Só consigo fazer vendo uma amostra!
Me tornei uma excelente artesã em crochê. De meros sapatinhos a agasalhos, de bolsas a blusas, de florezinhas a toalhas de mesa. Aumento ou diminuo pontos sem fugir ao modelos originais. Capaz de criar, escrever, desenhar ou decifrar qualquer ponto em crochê. Tenho um dom nato para trabalhos manuais e isto foi meu diferencial.
Ensinei muitas coisas a minha mãe e suas dúvidas procurei esclarecer. Ela fica sempre muito feliz quando vê meus trabalhos. Mas, ambas temos uma tristeza em comum! Até o momento, não há mais ninguém de nossa descendência que faça crochê...