terça-feira, 29 de abril de 2014

O pãozinho que foi ao chão

Em certa manhã, as irmãs Bilunga e Leleka resolvem fazer umas comprinhas. Mas havia de ser rapidamente, pois tinham ainda que buscar na escola o filho caçula de uma delas. Uma correu ao açougue do supermercado, enquanto a outra foi à área de panificação, já pensando no cafezinho da tarde. Lá encontrou poucos pãezinhos perdidos no espaço destinado a eles e já sendo disputados por uma nada simpática senhora de meia idade. Leleka aguardando sua vez de fazer uso do único pegador de pão, sorria para a carrancuda senhorinha. De repente, a mesma em meio ao socar de seus pães na embalagem, derruba um deles ao chão entre seus pés.
 
- Aaah... Que pena! Esse tá perdido! - disse Leleka, tentando mostrar simpatia ante os modos desastrados da senhorinha. Imediatamente a mesma pega o pãozinho caído e o tasca novamente junto aos demais do panificio. E rudemente justifica dizendo:
- Perdido nada! Cansei de comer pão com cabelo, barata, pelo de rato... Porque os outros também não podem comer  esse, só porque caiu no chão?!
Leleka -com seu sorriso que "congelou e amarelou" de tão chocada- imaginava o que seria mais escabroso: os tais pães contaminados ou a reação daquela mulher ante aquele simples azar de derrubar um pãozinho?! E deu-se conta que não conseguia emitir uma frase apesar de sua fama de articulada e falante. Mas, não tirou os olhos do dito pãozinho resgatado inutilmente do chão, que por sorte ficou recostado solitário e isolado a um canto onde fora lançado. E quando a senhorinha mal-educada e bruta se foi, retirou o tal, chamou um funcionário explicou em curtas palavras o ocorrido e entregou-lhe o pãozinho, que teve seu destino final na lixeira mais próxima. Pegou então seus pães e retornou para junto de sua irmã, reportando o acontecido. Que identicamente estarrecida lhe indagou:
- Por que você não disse a ela, pois já que tinha comido tanto pão contaminado assim, levasse o que havia caído ao chão?!
 
- Fiquei tão horrorizada com aquela ação absurda que perdi a fala! – respondeu Leleka.

Nos minutos seguintes, lembrou-se do provérbio popular ”Olho por olho e o mundo terminará cego“, e ficou também a imaginar como deveria ser triste conviver com aquela senhorinha rancorosa, egoísta e...  sebosa !